segunda-feira, 2 de julho de 2007

"Os Beatles mudaram toda a minha vida"


Gustavo Santaolalla constitui-se como um artista ecléctico

Quando, em 2005, venceu o Oscar para Melhor Banda Sonora Original com "Brokeback Mountain", o argentino Gustavo Santaolalla viu-se transportado para as luzes da ribalta. Luzes essas que brilharam duplamente no ano seguinte com a conquista de um segundo Oscar na mesma categoria com o filme "Babel". Em 79 edições, foi apenas o terceiro compositor a conseguir tal feito.

Nascido em 1952, Santaolalla não é um homem dos sete ofícios mas quase. Músico, produtor, compositor de bandas sonoras e até editor de livros, encontra-se em Portugal com o agrupamento Bajofundo Tango Club para uma série de concertos em Portugal, local de partida para uma digressão pela Europa.

A notoriedade conferida pelas vitórias em Hollywood não parece ter afectado significativamente o seu dia-a-dia. "Recebo mais ofertas para compor música para filmes". De resto, o músico revela-se muito selectivo na escolha dos trabalhos. "Têm que ser bons filmes", salienta. Santaolalla lamenta que o conjunto de produtos de qualidade seja bastante reduzido. "Podia escrever dez bandas sonoras por ano, assim faço apenas uma ou duas".

Em relação ao estilo de composição, Gustavo Santaolalla classifica-o de "minimalista e austero". O compositor diz privilegiar o silêncio e o emprego de texturas sem desprezar a melodia.

Ao falarmos de referências neste campo, o músico não se identifica tanto com as grandes figuras da música para cinema como Max Steiner ou Bernard Herrmann, embora os admire e escute com frequência. A haver uma referência, essa é os Beatles. "Eles mudaram a minha vida. Ouvi-os quando tinha doze ou treze anos", recorda.

Embora com maior visibilidade, as composições para cinema são apenas um dos aspectos do percurso de Gustavo Santaolalla.

Com uma carreira iniciada em 1967, o argentino é um dos pioneiros da fusão do rock com a tradição latino-americana, presente no grupo que co-fundou, os Arco Iris. De lá para cá, envolveu-se em projectos a diversos níveis, sejam eles trabalhos a solo, a produção de artistas dos mais diferentes quadrantes ou a criação do Bajofondo Tango Club, agrupamento que realiza uma digressão europeia iniciada ontem em Guimarães e que prossegue hoje em Santa Maria da Feira.

"Sinto-me completo quando faço tudo". Gustavo Santaolalla considera-se um artista cuja expressão de criatividade abarca várias formas de arte.

Neste momento, o músico encontra-se a produzir o novo álbum de Juanes. Futuramente, prepara-se para assinar a banda sonora do filme de Walter Salles baseado no livro de Jack Kerouac, "On the Road".

Composto por músicos argentinos e uruguaios, o Bajofondo Tango Club , liderado por Gustavo Santaolalla, é ,nas palavras do próprio, um "grupo de experimentação". Misturando o som tradicional do tango com ritmos tão dispares como a milonga, o hip-hop ou a música electrónica, procura um estilo novo com base na música autêntica do Rio de La Plata. A digressão europeia do colectivo oferece ao público uma panorâmica da carreira, apresentando temas dos álbuns até ao momento produzidos o disco de estreia "Bajofondo Tango Club" (2002), passando por "Supervielle" (2004) e terminando em "Mar Dulce", trabalho recentemente concluído que conta com as participações de Nelly Furtado e Elvis Costello, entre outros.

Fonte: Jornal de Notícias


Comentário do João: E onde é que não há o dedo dos Beatles?

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